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domingo, 25 de abril de 2010

Meton Maia e Silva completa 90 anos de vida



Pioneiro do jornalismo interiorano, o Sr. Meton Maia e Silva completou exatos 90 anos de vida na última quinta-feira, dia 22 de abril de 2010. Possuidor de um rico acervo, retrata e relata em detalhes a história cultural, política, social, religiosa e esportiva de Limoeiro do Norte.
Jornalista, pesquisador, historiador, desportista, poeta, escritor, tem o sincero reconhecimento deste blog e do povo limoeirense, por resguardar a história desta cidade, divulgando e contribuindo para o engrandecimento de Limoeiro do Norte, e pelo assíduo trabalho como verdadeiro defensor da cultura cearense.
Moacir Maia, também limoeirense, descreve perfeitamente quem é “Seu Meton” numa crônica descritiva em homenagem ao mesmo, publicada no jornal Diário do Nordeste, neste domingo (25/04).
O homem e sua históriaPor Moacir Maia, Jornalista, diretor de Relações Internacionais da Fenaj.
O ano de 2010 marca os 113 anos de emancipação política de Limoeiro do Norte, cidade pólo do Baixo Jaguaribe e uma das mais importantes do Estado do Ceará. Mas o calendário deste ano, precisamente neste mês de abril, assinala para a cidade um fato ainda mais relevante por ter comunhão com a história de vida de um homem que completa 90 anos e que faz convergir, comungar para o seu nome, os mais importantes episódios que Limoeiro viu e viveu até hoje.
O sobrenome dele é Maia e Silva, mas "Seu Meton" pode muito bem acrescer e assinar como Meton Limoeiro Maia e Silva, colocando no registro de nascimento o mais preciso traço de seu DNA, uma linhagem e descendência que fazem confundir sua história com a história da cidade.
Desde a infância, vi, pela figura de "Seu Meton", o portador, o relator dos fatos que compunham a narrativa histórica de minha cidade. Seus artigos e reportagens nos periódicos da Capital gravaram para o resgate e a memória de historiadores, e muito para minhas referências, os mais representativos fatos ocorridos na querida Limoeiro.
Hoje, seria impossível tentar descrever o homem, o tempo e sua história na linha que acompanha a trajetória de vida de Seu Meton, e vejo que para poucos é possível alcançar a compreensão de como ele se tornou vital para entendermos Limoeiro, sem alinhar e perceber como o município assumiu tão significativo papel nas letras, na cultura, na economia, no esporte e na política em nosso Estado.
Não fora o registro sistemático, cotidiano, jornalístico que fizera este homem, seria impossível um mergulho na história e o entendimento da evolução social que Limoeiro empreendeu ao longo dos anos.
Na retina da memória, no compasso de uma vida dedicada à coletividade, podemos constatar que sua atuação, seja como servidor público no IBGE, diretor da sucursal dos Diários Associados (Correio do Ceará, Unitário e Ceará Rádio Clube - PRE 9), desde os anos 1940, à sua atuação como líder classista de jornalistas no Interior, embasado na crença da luta coletiva, ou como presidente do Esporte Clube Limoeiro, sempre esteve esculpida pela defesa intransigente dos interesses de nossa cidade.
As páginas do Correio do Ceará, d´O Nordeste, da Tribuna do Ceará e do Diário do Nordeste, além do microfone da Rádio Vale do Jaguaribe, sempre espelharam e reverberaram suas crônicas sobre a cidade de Limoeiro. É possível relatar a história da cidade só acompanhando os traços jornalísticos do escriba Meton Maia e Silva.
Quisera ter e ser a síntese de uma vida que se embrenha e corporifica-se na simbiótica relação entre a pessoa física e uma aliança indissolúvel com o instituto maior de uma comuna, de uma cidade. É de fazer inveja a qualquer cidadão que ama o torrão em que nasceu e onde despertou para a vida.
Até parece que Limoeiro esperou a maioridade de um filho das terras jaguaribanas, (Meton fez estreia na vida pelo vizinho Pereiro) para que tivesse um porta voz à altura dos teus fatos. Bem definido pelo professor Waldir Sombra como o "repórter do Sertão", Meton Maia e Silva fez mais do que contar e relatar a história, ele é protagonista e agente ativo e presente nos episódios que contam a vida de nossa comunidade. Parabéns, Meton Limoeiro Maia e Silva!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Jocely Dantas de Andrade Torres


Nascido em 26 de setembro de 1928, na cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, o industrial Jocely Dantas de Andrade Torres não demorou a mostrar sua vocação para o empreendedorismo. Ainda jovem, quando foi morar com a família na cidade de Pombal, na Paraíba, começou a se dedicar aos negócios, de forma autônoma.

Depois de várias atuações na área comercial nos estados da Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará, decidiu se dedicar à atividade industrial, iniciando nesse setor com o beneficiamento de arroz na cidade de Dom Pedro, no Maranhão. Porém, a distância de Teresina, onde fixou residência em 1955, o fez encerrar tal atividade.

Finalmente, em 1961, teve a oportunidade de voltar ao Ceará, sua terra natal, onde adquiriu o Café Serra Grande, indústria de torrefação e moagem do produto de Sobral que industrializava à época 6.000 quilos de café por mês. Hoje, a Moageira Serra Grande tem uma produção mensal de 500.000 quilos de café, atendendo os estados do Ceará, Piauí e Maranhão. Tal crescimento foi obtido com investimentos em tecnologia, capacitação dos colaboradores e criteriosa seleção de grãos.

O perfil empreendedor impulsionou Jocely Dantas a iniciar seu segundo complexo industrial, fundando em 1977 a Cerâmica Torres Ltda., voltada à área da construção civil. Outras empresas que integram o grupo empresarial são a Sopremol – Ind.Com. de Premoldados Ltda. e a CCN – Construções Civis do Nordeste Ltda.

Na década de 1980, montou outra indústria de beneficiamento, dessa vez para produzir a farinha de milho Serramil, tornando-se a maior indústria do setor no estado do Ceará.

Hoje, o empresário Jocely Dantas administra, com os filhos e genro, o seu grupo de empresas, onde gera 500 empregos diretos e 2.000 indiretos. Além de contribuir com o desenvolvimento econômico do estado, o industrial desenvolve projetos de cunho socioambiental por meio da Fundação Jocely Dantas.

Lauro de Oliveira Lima


Lauro de Oliveira Lima Natural de Limoeiro do Norte, no Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima nasceu em 12 de Abril de 1921, ano em que, como ele próprio assinala, o paulista Lourenço Filho no Ceará, a convite do Governador Justiniano Serpa, para reformar o ensino elementar e instalar o Instituto de Educação, e em que, na Suíça, Jean Piaget publicava sua primeira obra sobre o desenvolvimento da inteligência na criança. A primeira escola em que estudou foi a do mestre Zé Afonso, que ensinava todos os meninos da cidade a ler, escrever e contar (ensinava também o “manuscrito”, que era uma espécie de curso de pós-graduação, e a “Tabuada Grande”, a matemática superior). Como não houvesse na cidade escola média onde pudesse prosseguir os estudos, o próprio Lauro tomou a iniciativa de pedir a um primo seu, hoje falecido, ex– Bispo de Afogados, que o levasse para seminário salvatoriano de Jundiaí. Desta forma, passou cinco anos como seminarista. De volta ao Ceará, engajou-se no magistério secundário e casou-se com a neta de Agapito dos Santos, conhecido educador cearense, a professora Maria Elisabeth Santos de Oliveira Lima. Em 1945, obteve por concurso o cargo de Inspetor Federal de Ensino, função que exerceu por vinte anos, dez dos quais como Inspetor Seccional do MEC no Ceará. Formou-se em Direito em 1949, e dois anos depois, em Filosofia.

Deixou o magistério particular para fundar o Ginásio Agapito dos Santos, iniciando, assim, sua carreira como “reformador”, característica básica de sua atuação como educador. Escreveu nessa época a obra “Escola Secundária Moderna”, que foi publicada pelo INEP a convite de Anísio Teixeira (1963), iniciando também seu trabalho com dinâmica de grupo e propondo o método psicogenético. Atualmente, Lauro é o diretor de Pesquisas do Centro Educacional Jean Piaget e vem se dedicando ao treinamento de professores, técnicos e empresários utilizando o método por ele elaborado, denominado Grupo de Treinamento para a Produtividade, que consta de seu livro “Dinâmica de Grupo no lar, na empresa e na Escola”. Além disso mantém-se ativo como escritor, tendo lançado o livro “Piaget: Sugestão aos Educadores” (1999) e “Dinâmica de Grupo” (2002). Em 1996, lançou “Para que servem as escolas?”, pela Editora Vozes, com grande sucesso de vendas.

As histórias se misturam, como sempre acontece na biografia de figuras importantes de uma época, não podendo deixar de haver uma interdependência entre a vida do Professor Lauro e os acontecimentos mundiais, nacionais e internacionais. Assumem matizes especiais acontecimentos como a revolução de 64, no Brasil, que cassou seus direitos políticos e provocou uma transformação absoluta em sua vida e na de sua família. Foi, ao mesmo tempo, crise e oportunidade na medida em que levou à necessidade de que novos meios de subsistência fossem tentados, sendo criado o Centro Educacional Jean Piaget como proposta de aplicação do método psicogenético à Educação. A reunião de todo grupo familiar em torno desse projeto criou uma escola que, por décadas, sustentou e sustenta a aplicação das teorias de Jean Piaget em Educação, aprimorando o conceito de Educação pela Inteligência no mais elevado nível. A morte de Jean Piaget foi outro fato marcante na vida do Professor Lauro, que assistiu o desmonte do Centro de Epistemologia Genética de Genebra consternado. Ainda assim, animou-se a promover três congressos internacionais de educação piagetiana, trazendo dezenas de discípulos do mestre genebrino ao Brasil, para que expusessem a educadores brasileiros os movimentos na pesquisa científica internacional sobre o tema, em diversos países. O falecimento de sua esposa, Maria Elisabeth, abalou profundamente a todos, em particular o Professor Lauro, devido à mágica sintonia que unia ambos há muitos anos e que permitiu a cristalização de projetos que, de outra forma, teriam permanecido no campo das idéias.

Hoje, os Oliveira Lima estão de alguma forma relacionados a atividades educacionais, como educadores, dirigentes, empresários, consultores ou colaboradores de empresas nacionais e estrangeiras. Ana Elisabeth (Beta) é a Diretora Superintendente do Centro Integrado Lauro de Oliveira Lima, empenhada em conduzir para o futuro a Escola “A Chave do Tamanho”, sediado no Rio de Janeiro, tendo na área administrativa a participação de sua filha Fabiana Elisabeth Santos de Oliveira Lima. Liliana Cláudia Santos de Oliveira Lima Kreimer participa da organização de eventos esporádicos da Escola. Giovana Maria Lima de Oliveira trabalha no serviço público e Adriana Flávia Santos de Oliveira Lima e Lauro Henrique Santos de Oliveira Lima são proprietários do Colégio Oliveira Lima, estabelecido em Fortaleza (CE). Frederico, o mais velho, faleceu recentemente nos USA, onde trabalhava como Consultor para empresas de grande porte, depois de brilhante passagem pela Xerox, dirigindo a área de Recursos Humanos. Ricardo Jorge Oliveira Lima e sua esposa, Eloísa, montaram o Dice English Course and Travel, escola de idiomas que utiliza o método psicogenético para o ensino de inglês.

Autor de mais de trinta obras relacionadas a educação, e depois de ter escrito sobre sua terra (Limoeiro), o Professor Lauro, aos 81 anos (completados nesse 2002) continua a ser, do alto de sua riquíssima e proveitosa experiência, o melhor exemplo de uma máxima cunhada por ele mesmo: “Não se deve transformar a mediocridade em valor de vida”.

Acompanhou o Professor Lauro na peregrinação rumo ao topo de sua carreira pública, desde Inspetor Seccional no Estado do Ceará (MEC) até a Diretoria do Ensino Secundário, em Brasília, para onde se mudou com toda a família. Acompanhou seu esposo também nos momentos desesperadores que se seguiram à Revolução de 64, quando o mesmo foi exonerado do cargo de Diretor da Diretoria de Ensino Secundário (abril de 1964), acusado de comunista e subversivo pelo regime militar, sendo aposentado compulsoriamente aos 43 anos de idade. Angústias não faltaram.

Fugindo da repressão, o Professor Lauro viaja numa Kombi de Brasília até Fortaleza por estradas inacabadas, ou mesmo por locais sem qualquer estrada. Consegue chegar, mas é preso por três meses, sendo submetido a um rigoroso Inquérito Policial Militar por suas supostas atividades subversivas, tendo sido inocentado por absoluta falta de provas. No entanto, esse mesmo IPM leva a família a ter que se mudar para o Rio de Janeiro, onde os depoimentos eram tomados periodicamente. Empobrecidos ao extremo, os Oliveira Lima mudam-se para a casa de um dos irmãos de Dna. Elisabeth, Amílcar, que administrava uma pequena fábrica de charutos localizada no bairro do Andaraí. Por falta de melhores acomodações, foram colocados num pequeno quarto nos fundos da construção, junto ao depósito de fumo. Suas dimensões eram tão reduzidas que Dona Elisabeth dormia numa cama, com alguns de seus filhos menores trazidos com ela, enquanto seu marido dormia numa rede estendida sobre a mesma. Pela manhã, desmontavam a rede, arrumavam a cama e, enquanto Dona Elisabeth seguia para o trabalho que havia conseguido na FUNABEM (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor), em Realengo, o Professor Lauro sentava-se à cama, com a máquina de escrever sobre os joelhos, para datilografar seu livro “Educar para a Comunidade” e escrever seus artigos. O sustento vinha desses pequenos bicos e do salário ganho no serviço público, mas isso não durou muito, na medida em que, descoberto o parentesco, Dona Elisabeth foi imediatamente demitida da FUNABEM. Persistente, conseguiu pelas suas qualificações o cargo de Diretora de um renomado colégio católico do Rio de Janeiro, mas em bem pouco tempo foi novamente foi demitida, sem nenhuma explicação - o que já explicava tudo.

Corajosa e com o orgulho típico do nordestino, quase nada aceitou de seu pai, Alcides Castro Santos, próspero comerciante de Fortaleza, tendo preferido trazer para junto de si os filhos, alojado-os em condições precárias, mas mantendo a unidade da família e desenvolvendo em todos um senso de realidade que perdura pela vida afora, sendo uma das características marcantes de todos os Oliveira Lima.

Como se diz popularmente, Dona Elisabeth vivia como os rios, que encontram sua maior força no momento da queda, transformando a adversidade em ações objetivas para a solução dos problemas. A família saiu do Andaraí e conseguiu um apartamento em Copacabana, onde todos os filhos encontraram colégio para a continuidade dos estudos, e paulatinamente a ordem se instaurou onde antes só havia o caos. Na retomada da ação rumo a reorganização da vida, é lançado em 1966 o livro “Escola no Futuro”, de autoria do Professor Lauro, que procura oferecer uma orientação para professores de prática de ensino. Desenvolve também o curso de Dinâmica de Grupo, e passa a viajar por todo o país, ministrando treinamentos para organizações, empresas, escolas e grupos interessados em criar equipes voltadas para a produtividade em alta performance. Em 1972, quando Jean Piaget autoriza por escrito o Professor Lauro a utilizar seu nome em uma instituição dedicada a experimentar as teorias desenvolvidas por ele na área de Educação, é criado o Centro Educacional Jean Piaget, no Rio de Janeiro, e uma nova fase se apresenta na vida dessa família que vem lutando pela sobrevivência nas condições mais adversas. Sob o comando de Dona Elisabeth, a escola se fortalece cresce continuamente, tendo sido alvo incessante do interesse da mídia, das universidades e demais instituições relacionadas a Educação pelo caráter inovador do método psicogenético, desenvolvido pelo Professor Lauro de Oliveira Lima e colocado em prática por ela e outros membros da família. A nota desagradável é a constante perseguição dos órgãos de repressão, sempre atentos aos movimentos da família e provocando todo tipo de incômodo, tentando inviabilizar o crescimento de algo que entendiam como sendo contrário aos interesses da Revolução.

Na sua história de vida, consta ainda o estoicismo com que lutou contra o diabetes e o contínuo agravamento do estado de saúde através dos tempos, em decorrência de doença renal crônica, que a deixou nos últimos anos de vida com apenas parte de um dos rins. A disciplina com que cuidava de sua saúde sempre foi exemplo para todos. Realizada como profissional, esposa, mãe e mulher, restava ainda sua realização como avó, que deu-se rapidamente em virtude do crescimento da família pelos múltiplos casamentos que foram se sucedendo ano após ano. Cuidando da escola, tratava das questões administrativas, mas era constantemente cercada pelos netos e outros alunos, que a tinham na mais alta conta, pelo carinho que devotava a todos eles. Sem perder o senso de direção com relação aos interesses da empresa, e principalmente quanto a importância do trabalho do Professor Lauro, foi a grande mentora do Primeiro Congresso Internacional de Educação Piagetiana e Primeiro Congresso Brasileiro Piagetiano, que aconteceu no ano de 1980, no Hotel Nacional (RJ) e UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Entretanto, pouco antes da data do congresso, morre Jean Piaget, que seria o maior homenageado.