- Meu nome é Miguel. Miguel Batista. Sou pedreiro e cineasta! Diz satisfeito, com um sorriso um pouco tímido e um olhar que já foi iluminado.
Miguel mora em Diadema, em uma casa pequena e simples, que divide com a esposa e com a sogra. Para ele, compromisso é coisa séria, mas prefere não fazer promessas:
- Vai que um dia eu resolvo fazer alguma coisa errada? Pelo menos não prometi nada a ninguém, você não acha?
- Não sei, o que o senhor acha?
- Eu acho que é uma boa maneira de viver…
Ele trabalha em uma construção que fica a três ou quatro quarteirões de sua casa, mas não vai à obra todos os dias. Para ele, antes do trabalho como pedreiro, vem a paixão pelo cinema. Miguel dirige, produz e também atua em seus filmes e já ganhou alguns prêmios na região onde mora. Além disso, é poliglota, filósofo e poeta.
- Quando eu estou muito pensativo, minha patroa já sabe que eu estou pensando em cinema. Ela fica brava e me manda pra casa pra não deixar as paredes tortas, diz ele antes de uma gargalhada.
- O que o senhor gosta de ler?
- Leio Nietzche, Schopenhauer, Goethe. Mas gosto mesmo é de desligar meus pensamentos dos livros. Prefiro ser eu mesmo.
Por onde passa, Miguel é cumprimentado pelas pessoas. É chamado de “cara do cinema”, sonhador e Krusmanta.
- Por que Krusmanta, seu Miguel?
- Krusmanta é o nome de um dos meus filmes e também é nome da religião que eu criei. Esse Deus de que todos falam já tem seguidores demais.
- É sonhador?
- Muita gente não acredita em mim. Pensam que eu sou só um louco.
- O senhor não liga?
- Ah. Eu não. Prefiro dar risada. Eles nunca vão entender o que passa pela minha cabeça.
Ligia Tuon
ENTREVISTA JÔ SOARES TV GLOBO:
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